Projeto de irrigação movido a energia solar, arquivo The New Times

Como parte do processo de redução gradual da utilização de combustíveis fósseis no setor agrícola, visando lidar com a seca, está prevista a expansão de mais 1.050 hectares no próximo ano para o esquema de irrigação em pequena escala, agora impulsionado por energia solar. Jerome Hitayezu, Chefe do Programa de Irrigação do Conselho de Desenvolvimento de Agricultura e Recursos Animais de Ruanda (RAB), compartilhou com o The New Times que a irrigação alimentada por energia solar não apenas reduz as emissões de gases de efeito estufa, mas também fortalece a capacidade agrícola diante dos impactos da seca.

A transição para fontes de energia mais sustentáveis é um tema central nas discussões da 28ª Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas, atualmente em andamento em Dubai, de 30 de novembro a 12 de dezembro. Hitayezu informou que o governo já subsidiou intervenções de irrigação movidas a energia solar em 646 hectares, além de projetos financiados por parceiros e pelo setor privado. Ele também revelou os planos de “promover a irrigação com energia solar em 1.050 hectares no próximo ano”.

Atualmente, várias regiões, incluindo Rwamagana, Ruhango, Nyagatare, Ngoma, Kayonza e Bugesera, já se beneficiam da irrigação com energia solar graças às iniciativas governamentais, abrangendo 120 hectares em Rwamagana, 10 hectares em Ruhango, 96 hectares em Nyagatare, 40 hectares em Ngoma, 144 hectares em Kayonza e 236 hectares em Bugesera.

Embora haja progresso, Hitayezu destacou que “muitos agricultores que utilizam irrigação em pequena escala ainda dependem de bombas que utilizam combustível diesel”. O investimento necessário para alcançar uma redução de 10% nas emissões até 2030 por meio de irrigação solar é estimado em cerca de US$ 280 milhões. O plano climático decenal de Ruanda, conhecido como “NDCs” de 2021 a 2030, delineia a necessidade de financiamento para substituir as bombas diesel por sistemas de bombeamento solar de água na produção agrícola, totalizando US$ 285 milhões até 2030. Além disso, recursos adicionais serão direcionados para o desenvolvimento de culturas resilientes às mudanças climáticas (US$ 24 milhões) e a expansão dos seguros agrícolas e pecuários (US$ 109,6 milhões).

A expectativa é que o investimento proveniente do governo, do setor privado e de fontes externas contribua para reduzir a dependência de combustíveis fósseis importados, promovendo a segurança alimentar e expandindo a área irrigada. Atualmente, apenas 10% dos 500.000 hectares irrigáveis em Ruanda estão sendo utilizados, mas o país tem como meta irrigar 102.284 hectares até 2024. A irrigação solar, embora represente uma pequena porcentagem da área total irrigada, tem crescido desde 2015, com pelo menos 1.200 hectares irrigados até 2021, beneficiando-se de um subsídio de 75% nesse período.